sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O PREGÃO DE VENDA DO IMPÉRIO ROMANO

Busto do Imperador Pertinax

Como já expliquei que a palavra leilão (do árabe al ilam) entrou no nosso vocabulário na Idade Média por influência árabe, melhor mesmo é dizer que o Império Romano foi negociado mediante pregão, que é termo de origem romana (do latim praeco).
Pois bem, conforme fontes da época, reporta-se que o imperador Cômodo foi assassinado por um ex-gladiador que foi instado a participar de um complô engendrado por senadores desafetos do imperador e de sua própria irmã Lucila, cujo filho poderia ser apontado novo imperador pelo Senado, o que não aconteceu porque o chefe da Guarda Pretoriana, Pertinax, impôs seu nome com o apoio de seus confrades, os legionários da guarnição da cidade de Roma, que esperavam receber dele benefícios prometidos.
Só que Pertinax não teve como pagar a promessa, pois o erário encontrava-se vazio.
Frustados e revoltados com o chefe, agora Imperador Pertinax, os próprios legionários assassinaram-no. 28 de março de 193 d.C. Menos de três meses depois do assassinato de seu antecessor
De novo, o Império estava acéfalo por falta de outro sucessor. Fazer o quê, então? Não aceitaram deixar o Senado escolher um novo imperador. Queriam eles mesmos fazer a escolha, na expectativa de que seriam regiamente pagos.
Reuniram-se no Campo de Marte, um acampamento militar permanente na periferia da cidade de Roma, hastearam uma bandeira vermelha e apregoaram (anunciaram) em altos brados que o cargo de imperador estava à venda pra quem fizesse o maior lance. Hoje, chamamos isso de leilão. Na época chamavam de hasta - termo latino que significa lança, a arma de cabo longo e com ponta metálica que os legionários levavam para a guerra e que enterravam nas terras conquistadas para vendê-las aos colonos, daí o termo jurídico atual hasta pública, quando bens tomados judicialmente em pagamento de dívidas são postos à venda por "lances".
Ali, no Campo de Marte, apareceram os interessados em apresentar lances.
Um senador muito rico, Didius Julianus, apresentou a maior oferta em dinheiro vivo. Ofereceu 5 mil sestércios (a moeda romana da época) por legionário, mais de 5 mil. Portanto, o Império Romano foi arrematado por cerca de 25 milhões de sestércios - fiz uma pesquisa sobre valores referenciais de moedas antigas e cheguei a conclusão de que 1 sestércio valeria aproximadamente 1 dólar atualmente. Assim, o pregão teria arrecadado em torno de 25 milhões de dólares. Não se deve, entretanto, pensar que seria um valor baixo para o tempo. Simplesmente não temos como saber. Mesmo assim, acho que se a fortuna de um só senador da época valeu o Império Romano, deve ter sido uma bagatela. Imagine se um só homem muito rico pudesse arrematar o maior império atual: os Estados Unidos da América do Norte!!!
Sei nem se cabe a analogia, mas dá pra se ter uma ideia da dimensão da coisa.


Voltarei em breve para falar mais sobre Licitação. 

2 comentários:

  1. Faço a seguinte análise! Hoje é mais ou menos da mesma maneira... Leva o reino não quem tem as melhores idéias, o melhor preparo o melhor futuro, mas sim que tem mais "moedinhas de ouro".. E os "confrades" hoje são vários, desde o do partido que luta pelos trabalhadores (Qual é mesmo?) a pobre massa anestesiada pelo "bolsa tudo o que precisar" e assim vai! A música é boa, os derrière das meninas são os melhores do mundo! A novela das 8 já não gosto muito, e o futuro ahh e o futuro do Brasil eu não sei mas o Chaves o Dirceu, o Molusco Presidente e a "Dama De Ferro" sabem muito bem onde querem chegar!! E ai? Quem paga mais? O reino do Pau Brasil está a venda!!!

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  2. Muito bom o texto professor! É interessantíssimo ver a história das palavras utilizadas pelo direito, e não só pelo direito mas também algumas que utilizamos no nosso dia-a-dia. Sabendo o histórico do surgimento destas, ou melhor sua etimologia, fica mais fácil para entender a matéria e fixar o conteúdo estudado.

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